terça-feira, 26 de junho de 2007

Joseph Wresinski (1917-1988)

Joseph Wresinski nasceu a 12 de Fevereiro, filho de pai polaco e de mãe espanhola. Ainda menino, conheceu uma grande pobreza junto da sua mãe e irmãos, vivendo então a família numa casa sem condições, em Angers, França. Assim, a sua maneira de reflectir e de agir ficou marcada pela experiência das humilhações e da vergonha que conheceu, quando menino. O seu pensamento começou então a ser moldado por um profundo conhecimento da maneira como os mais pobres resistem, no dia a dia, para garantirem a sua dignidade.
Em 1956, o Padre Joseph Wresinski foi ao encontro de 252 famílias agrupadas num bairro de lata, em Noisy-le-Grand, perto de Paris. Deste modo, ele, que já tinha encontrado a possibilidade de sair do mundo da miséria, decidiu consagrar-se a ajudar as famílias mais pobres, noite e dia, guardando-lhes uma fidelidade ilimitada.
«Fiquei possuído pela ideia de que estas famílias nunca sairiam da miséria enquanto não fossem acolhidas no seu conjunto, como um povo, nos sítios onde os outros homens se debatem e tomam decisões. Prometi que, se ficasse junto delas, faria tudo para que elas pudessem subir os degraus do Vaticano, do Eliseu, da ONU...»
Opõe-se à sopa dos pobres e propõe às famílias um jardim-escola e uma biblioteca, uma capela, um atelier para jovens e adultos, uma lavandaria..
«Não era tanto de alimentos ou de roupas de que os outros necessitavam, mas sim de dignidade, de nunca mais dependerem do que queriam ou não queriam.»
Com estas famílias da miséria, o Padre Joseph cria, em 1957, uma associação que tem por nome “AIDE À TOUTE DÉTRESSE” (ATD), o que significa ajuda em toda a desgraça, em toda a situação de aflição e de sofrimento. Mais tarde, o nome da associação evoluiu para ATD Quarto Mundo, tendo a noção de Quarto Mundo sido inspirada pela acção de Dufourny de Villiers que, sendo deputado por Paris, se bateu em 1789, nas vésperas da Revolução Francesa, para que os mais pobres de então tivessem uma representação nas Cortes convocadas pelo rei; o mesmo deputado pediu que, para além das três ordens representativas (clero, nobreza e o terceiro estado), uma quarta ordem fosse reconhecida: «A Ordem dos pobres jornaleiros, dos enfermos, dos indigentes, a ordem sagrada dos infortunados.»
No dia 17 de Outubro de 1987, no Adro das Liberdades, dos Direitos do Homem e do Cidadão, em Paris, respondendo ao apelo lançado pelo Movimento ATD Quarto Mundo, cem mil pessoas exprimiram a necessidade de se unirem para fazerem respeitar os Direitos do Homem. Assim puderam exprimir solenemente a necessidade de juntos lutarem para que o respeito dos Direitos Fundamentais se tornasse uma realidade universal. Nesse mesmo dia, inaugurou-se uma LAJE no local onde foi assinada a Declaração Universal dos Direitos do Homem, a 10 de Dezembro de 1948, lembrando que a presença dos mais pobres no meio de todos nós constitui um apelo à construção de uma humanidade verdadeiramente fraterna. Nela se mandou gravar o seguinte apelo:

Onde os homens
estão condenados a viver na miséria,
aí os Direitos Humanos são violados.
Unir-se para os fazer respeitar é
um dever sagrado.


Este acontecimento deu origem à celebração do dia 17 de Outubro como o Dia Mundial da Luta contra a Pobreza e Exclusão Social. Em 1992, as Nações Unidas reconheceram oficialmente este dia, dando-lhe um alcance universal.

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